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A mostrar mensagens de julho, 2013

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Aqui e agora, O-sempre-presente restitui-se-nos no que as nossas existências  e  as nossas coisas têm de mais simples. Reduzido a pão que nem pão parece, a corpo que não se vê, o mistério divino pode tocar-se, partir-se, comer-se. Numa vulnerabilidade inaudita, expõe-se até à nossa desconsideração e ao nosso não reconhecimento. Aqui, o Santíssimo é Deus  e  é coisa, é Senhor e é servo, é pastor e é cordeiro levado ao matadouro, é dom e é moeda de troca, é grão lançado à terra e é alimento. Inseparavelmente. E, assim mesmo, enquanto se nos dá na pequenez das nossas coisas - no pão das nossas dores  e  no vinho nas nossas alegrias -, deixa -no espaço para as palavras que haveremos de dizer, para os gestos que haveremos de fazer, para as obras que haveremos de criar, para o corpo que haveremos de ser no concreto do nosso quotidiano e das nossas relações. Como indivíduos. Como comunidade de crentes. Aqui, o que já vimos abre-nos a passagem para o que ainda nos falta ver, o que já conhecem

Foi um tempo branco

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Volto a Daniel Faria sempre que preciso de me reencontrar na fonte de todas as fontes. Mergulhei neste tempo branco, onde as estrelas brilham sempre. " Era branco, um som que nunca ouvi" … Era branco e eu não sabia, desconcentrada e sem certezas. Era o branco de um coração vazio. Quero sair e por-me a caminho , sinto o toque do afeto, uma presença nunca ausente e " vi que era ele que partia o pão " , mas eu não sabia... Foi um tempo branco, repetidamente lavado nas próprias mãos Desviando a transparência do rosto para a noite Um tempo branco muito diferente da verdade Muito diferente das estrelas que se apagam Foi um tempo muito branco Mais doloroso do que os olhos sempre abertos no escuro Inimaginável quando pus de fora a cabeça , as mãos — tendo deposto o que trazia nelas — O corpo todo E saí como um paralítico depois do milagre Na forma de quem grita por socorro Foi um tempo branco porque era mudo E não havia nenhuma palavra q

“Faz isto e viverás”

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“Passamos pelas coisas sem as ver, gastos, como animais, envelhecidos: se alguém chama por nós, não respondemos, se alguém nos pede amor, não estremecemos. Como frutos de sombra, sem sabor, vamos caindo ao chão, apodrecidos”! Eugénio de Andrade – “As mãos e os frutos”

O pardalito e eu

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Observo o pardalito pensativo e hesitante, olha o horizonte e possivelmente sairá em breve para continuar a sua viagem pelo mundo. Faço-lhe um convite: Fica comigo nesta manhã! Hoje sossego e fico à espera do momento de poder caminhar... É que ao levantar-me de noite caí em cima do "aparelho" que se amolgou um pouco. O Tó, sempre pronto, foi há pouco tentar compô-lo, nada de mais... E assim, por aqui  fico a sonhar com um horizonte tão perto e tão longe, tão alto e tão baixo, que me faz lembrar um quadrado. É curioso como as circunstâncias da minha vida, às vezes, se encaixam de forma tão subtil e cheia de surpresas, como se Deus me fosse ajudando a fazer o quadrado de uma existência que saltita de lado para lado, mas se enche dia a dia de plenitude e gratidão.  Alice

O menino

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 " O menino saltava sobre a ponte Amava as barcas as gaivotas ouvia as varinas e sabia Os corações não eram de granito Os lábios não eram de granito"  Daniel Faria, POESIA, 2012  

Ide! Não leveis bolsa, nem alforge...

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  *Depois, o Senhor designou outros setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois, à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir.  *Disse-lhes: «A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe.  Ide! Envio-vos como cordeiros para o meio de lobos.  *Não leveis bolsa, nem alforge, nem sandálias; e não vos detenhais a saudar ninguém pelo caminho.  *Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: 'A paz esteja nesta casa!'  Lc. 10 (1-6) Não ter nada. Não levar nada Não poder nada. Não pedir nada. e, sobretudo, não matar nada; não calar nada. Somente o Evangelho como uma faca afiada. E o pranto e o sorriso no olhar. E a mão estendida e apertada. E a vida, a cavalo, dada. E este sol e estes rios e esta terra comprada, para testemunhas da Revolução já iniciada. E “mais nada”! Pedro Casaldáliga

A cor do mar

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Olhando a enorme grandeza em que o céu se une à "terra/mar", sou como uma gaivota perdida que deseja conquistar o mundo... Mergulho num desejo de me misturar e envolver neste azul, mergulho livremente, descalça e sem "ataduras", para emergir de novo ao som do cantar da sereia.  Há mulheres que trazem o mar nos olhos Não pela cor Mas pela vastidão da alma E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos Ficam para além do tempo Como se a maré nunca as levasse Da praia onde foram felizes Há mulheres que trazem o mar nos olhos pela grandeza da imensidão da alma pelo infinito modo como abarcam as coisas e os Homens... Há mulheres que são maré em noites de tardes… e calma Sophia de Mello Breyner Andresen Foto minha - Praia do Pedrogão Nota - Esta praia tem acessibilidades e um carro  próprio para que eu, e todos e as pessoas com deficiência, possam ir ao mar

É Jesus a entrar

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«Meu Senhor e meu Deus!» «Tu acreditastes, Tomé, porque Me vistes; bem-aventurados os que acreditaram sem terem visto» Jo 20, 29 Sonho a    surpresa de  momentos   em que a porta se abre à "Luz".  Sonho portas sem  ferrolho  portas abraçadas vidas que se encontram na suavidade de um novo dia que acontece como uma bênção. Alice Tomé - Caravaggio porta - pesquisa google
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“ Mas um dia uma tarde…houve um fulgor, Um olhar que brilhou... e mansamente... Aí dize ó meu encanto, meu amor: Porque foi somente nessa tarde Nos olhámos assim tão docemente Num grande olhar d’ amor e de saudade?! “             Florbela Espanca Tudo faz sentido... e faz sentido no amor que me trouxe à vida, desde sempre, antes mesmo de ser concebida, por isso cada amanhecer acontece pelo amor incondicional de Deus.